Quantas toneladas de entulho são necessárias para a construção de um imóvel de 52 metros quadrados, dois quartos, sala, cozinha e banheiro? Pouco mais de 28 toneladas – acaba de responder o Grupo Baram, companhia gaúcha líder na fabricação de andaimes, que construiu a primeira casa do país erguida apenas com entulhos de obras. Mais do que livrar o meio ambiente de tais detritos, a tecnologia criada pela empresa representa ainda economia de 40% no preço final do imóvel, que sai a R$45 mil.
O primeiro passo foi dado com o lançamento de uma máquina capaz de moer toda sorte de materiais – de restos de concreto a pisos e cerâmicas. Em seguida, a empresa desenvolveu um maquinário capaz de transformar esse material em tijolos e blocos. No total, foram investidos cerca de R$6 milhões em três anos.
– A grande vantagem do projeto é o aproveitamento do entulho em todas as etapas de produção, das paredes ao contrapiso (um capeamento de argamassa feito para nivelar pisos). Atualmente, em capitais como São Paulo e Porto Alegre são jogados no lixo, a cada hora, 1,8 mil e 242 toneladas de entulho, respectivamente. Com esses volumes, é possível construir 334 casas por dia em São Paulo e 85 na capital gaúcha – diz Josely Rosa, diretor-presidente do grupo.
O tijolo feito apenas de agregados – como são chamados os restos de obras depois que passam pela máquina de reciclagem – é três vezes mais resistente do que o tradicional, além, é claro, de ser ecologicamente correto, pois não utiliza combustão em seu processo de fabricação.
– A redução de CO2 na atmosfera é um dos grandes benefícios do projeto. Se essa casa fosse erguida pelo método tradicional, seriam gerados, segundo dados do Ministério de Minas e Energia, 3.996 de CO2 só na produção de tijolos vermelhos. Ou seja, seriam necessárias 21 árvores para consumir essa carga de gás carbônico. Hoje, a sustentabilidade é nossa maior preocupação, e não há como ser diferente – destaca Rosa. – Sem tratamento adequado, o entulho é deixado, muitas vezes, em locais inapropriados, como leito de rio.
Outra novidade, segundo Rosa, está no assentamento dos tijolos, feito com uma massa 100% ecológica – de resíduos minerais e que dispensa a utilização de areia e cimento. O material também é fabricado pelo grupo. O imóvel, aberto à visitação, está exposto no parque industrial da empresa, às margens da BR-116, na cidade de Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre.
Fonte: Jornal O Globo.